terça-feira, 21 de setembro de 2010

Estudo Supletivo: O desafio na conquista da escolaridade

Imagem da Internet
A paixão pela leitura surgiu aos 4 anos. Teresa Cristina de Oliveira, 47, auxiliar de lavanderia, lembra como se fosse hoje. Ela pegava as revistas em quadrinhos do irmão, olhava as imagens e palavras, enquanto imaginava o que elas poderiam dizer. Mesmo depois de crescer e começar a estudar, o romance pelos livros foi interrompido por dois motivos.
Primeiramente a responsabilidade da primogenitude. Com 12 anos a filha mais velha precisava assumir seus deveres e ajudar em casa, assim pensava a mãe sua mãe. E o segundo motivo, a construção da própria família. Aos anos 19 anos casou-se e não podia negar o pedido do marido em “pensar nessas coisas” somente depois que os três filhos estivessem crescidos, e foi o que ela fez.
O que parece uma história triste e isolada, na verdade é realidade em muitas famílias. A professora de português Kamila Motta Tavares Guedes, já atuou no Centro de Suplência de Educação Continuada (CESEC) em Muriaé, e diz que os maiores empecilhos para que uma pessoa conclua os estudos, ou que abandone o supletivo, são referente a vida pessoal, sendo trabalho e família.
Ela explica que no aspecto trabalho, em época de auge de vendas, como aqueles que trabalham em confecção na cidade, as pessoas abandonam o estudo para fazer hora extra, a fim de terem uma arrecadação de dinheiro melhor. Em relação dos bloqueios familiares, os problemas são maiores para as mulheres, seja em questão de maternidade, ou por desentendimento (ou na verdade falta de consentimento) com o marido.
Outro fator que comprova que Cristina não é a única, são locais. Na cidade somando os dois níveis escolares mais cursos técnicos, foram estão matriculadas nesse ano 1054 pessoas.
Voltando a história da vida de Cristina, ela ainda terminou com um final feliz. Hoje, 28 anos depois, sorri e se emociona ao dizer: “Eu consegui concluir os estudos”. Ela também é clara e objetiva ao afirmar o motivo da insistência pela conquista da escolaridade: sentimento de incapacidade. “O próprio sistema faz isso, hoje a pessoa é valorizada pelo seu diploma. Eu já sofri preconceitos por não ter concluído os estudos, afinal, muitas pessoas subestimam sua capacidade” afirma.
A professora, Kamila Motta, também explica que esse sentimento é comum e característico dos alunos. “No primeiro dia de aula é nítido a insegurança deles. Eles acham que como faz tanto tempo que estão parados, além de não se lembrarem do que haviam aprendido, vão ter dificuldades para assimilar o conteúdo”. Segundo ela as dificuldades de aprendizado do aluno nem sempre é relacionada a sua incapacidade de entender a matéria, e sim um bloqueio pessoal.

Diferente de como entram na sala de aula no primeiro dia, o resultado do desafio além da escolaridade é a motivação.Cristina, por exemplo, depois de concluir o ensino médio já fez curso de informática e atualmente faz um curso técnico de segurança no trabalho. E ela não para por aí. Aqueles olhos que brilhavam em falar com dor da vontade de estudar e impedimentos que ocorreram na vida, agora, brilham por sonhar com uma faculdade.

Aberta as inscrições:

Para aqueles que ainda procuram a escolaridade, começaram nessa segunda-feira (20) as inscrições para os “Exames Supletivos – Ensino Fundamental e Médio”.
A idade mínima exigida para o Ensino Médio é de 18 anos completos ou a completar até o dia 12 de dezembro de 2010, quando terminam as provas que compõem o exame. Já para o Ensino Fundamental, a idade é de 15 anos completos ou também a serem completados até a referida data.
As inscrições seguem até o dia 07 de outubro. Elas podem ser feitas apenas pela internet, através dos endereços https://www.educacao.mg.gov.br/ . A taxa de inscrição, no valor de R$ 6,00, pode ser paga até o dia 08 de outubro. Já os candidatos desempregados devem se inscrever pelo SINE, até o dia 1º de outubro.
A estimativa é que as provas dos Exames Supletivos aconteçam entre os dias 11 e 12 de dezembro.









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